O investimento crescente no uso de tecnologia em auditorias das entidades da Organização das Nações Unidas (ONU) tem otimizado processos de fiscalização e alcançado resultados expressivos. Com investimentos estratégicos em automação robótica de processos (RPA) e inteligência artificial (IA), as equipes têm obtido ganhos significativos de produtividade e escala em procedimentos de auditoria.
Um dos principais desafios enfrentados nas auditorias da ONU é manter alta cobertura diante da elevada complexidade operacional das entidades auditadas. As entidades utilizam diferentes sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), software de gestão, que centralizam e integram diversos processos essenciais, como finanças, recursos humanos, produção e logística. Grande parte dos procedimentos de auditoria envolve verificações diretas nesses sistemas. Para lidar com essa complexidade e aumentar a produtividade das auditorias, o Tribunal de Contas da União (TCU) investiu significativamente em automação.
Em auditoria no Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), por exemplo, a automação robótica executou, em poucas horas, tarefa que levaria semanas. O auditor Paulo André Carvalho, do Núcleo de Dados (ND) da Secretaria de Controle Externo da Organização das Nações Unidas (SecexONU), relatou: “Um dos robôs operou durante três dias consecutivos, realizando cerca de 6.300 verificações automatizadas no sistema contábil da UNICEF, o que permitiu identificar indício de distorção contábil”.
ChatTCU
Além da automação, as equipes vêm utilizando inteligência artificial em diversas etapas das auditorias. Um dos destaques é o uso do ChatTCU, ferramenta desenvolvida pelo TCU com base em IA generativa.
O auditor Rafael Encinas, integrante da equipe de auditoria de gestão do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), destacou o papel do ChatTCU. “Utilizamos o ChatTCU para resumir grandes volumes de informação, identificar pontos críticos em documentos extensos e estruturar matrizes de planejamento e achados. Além disso, analisamos transcrições de reuniões para extrair informações que melhoram a qualidade dos trabalhos”, explica.
Outro destaque foi a criação de agentes de IA por meio do SharePoint, que gerou assistentes capazes de responder perguntas sobre bases de documentos em diversos formatos. Essa funcionalidade agiliza o acesso a informações durante as auditorias.
Em outro caso de uso, foi combinado o uso de inteligência artificial e automação em um mesmo procedimento de auditoria da UNICEF. A IA identificou números de contas e seus respectivos saldos em documentos de confirmação bancária. Em seguida, processo automatizado comparou esses valores com os registrados no sistema contábil da entidade, permitindo detectar distorções que dificilmente seriam identificadas por amostragem convencional.
Todas essas inovações e automações desenvolvidas estão sendo compartilhadas com as demais equipes da SecexONU, com potencial de serem expandidas para as outras secretarias do TCU, além da Controladoria-Geral da União (CGU) e Tribunais de Contas Estaduais e Municipais envolvidos no projeto.
Novas oportunidades
No segundo semestre de 2025, está prevista a realização de auditorias específicas de Tecnologia da Informação em entidades e fundos da ONU. Para essas missões, poderá haver a participação de auditores temporários, com atuação estimada em até três meses. Interessados em futuras oportunidades de trabalho na SecexONU devem se cadastrar por meio do formulário disponível no link abaixo.
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